esfolando ouvidos

é, demora mais sai.
desde o dia 29 de novembro, quando o livro foi lançado lá no teatro garagem, numa festa cheia de saudosismo, que eu tô pra fazer essa resenha. e nada. é foda, porque nunca resenhei livro algum pro site, fiquei meio sem saber por onde começar; além do que o site ficou sem atualização por boa parte desse tempo de lá pra cá... enfim, taí a resenha, espero que gostem, compre o livro do evandro, leiam e, ao faze-lo, se divirtam tanto quanto eu me diverti.

se você foi criança nos fins dos anos 80 e começo dos 90, como eu, com certeza se lembra da coleção vagalume e livros semelhantes. sempre eram livros tendendo ao romance policial, só que os personagens principais eram crianças ou jovens e eles sempre desvendavam o mistério. ok, pode não ter nada a ver, mas o livro do evandro me evocou o gostinho de alguns desses livros, algo como uma saudade de um tempo em que as coisas eram mais simples e calmas. o estilo de escrever do evandro me cativa bastante, eu já havia lido outras coisas dele (como o macakomics e o trabalho do galinha preta que é sensacional) e o cara tem a manha mesmo, ele tem um jeito muito específico de contar histórias.

esfolando ouvidos, que tem como subtítulo "memórias do hardcore em brasília" é, como o evandro mesmo diz uma declaração de amor ao hardcore e ao lugar onde nasceu; é uma coletânea de boas histórias que pode ver ou participar ao longo desses muitos anos envolvido com a cena brasiliense. e saiu (apesar de um pouco atrasado) como celebração de 20 anos de hardcore na nossa cidade. não é um livro sobre a história do hardcore em brasília, e sim uma compilação de histórias coletadas pelo autor, o que faz desse livro um livro muito especial.

além das histórias, evandro entrelaça informações de hoje em dia, e nos apresenta algumas bandas, zines e pessoas que fazem a cena da cidade acontecer. além disso, o livro está recheado com fotos do arquivo pessoal dele, e de outros amigos, além de ilustrações do autor.

evandro vai contando as histórias de sua adolescência, sua primeira banda, etc. e vai discrevendo uma brasilia muito diferente, mais interiorana, aonde rolês a pé dominavam, e a paranóia de segurança não existia com tanta força; histórias sobre a famosa "mad house" e a galera que freqüentava/ensaiava no espaço, sobre rolês no gilbertinho e sobre as bandas que surgiram na época. as histórias vão se seguindo até os dias de hoje.

Esse livro funciona pra começar a preencher um vácuo que ficou em produções escritas sobre a cena do DF; os "livros especializados" costumam dar um salto direto entre a primeira e segunda onda do rock brasília mainstream (galera legião urbana/ raimundos) e os relatos do evandro estão centrados bem no meio dessas duas coisas (é um relato das movimentações "pré-raimundos", por assim dizer). mas além disso tem a vantagem de ser um livro de memórias, de ter um tom intimista, não se trata aqui de relatos jornalísticos, mas de vivências agrupadas.

é um livro muito gostoso de ler, e ítem obrigatório na coleção de rockeiros-brasília profissionais hehehe.